Uma mensagem aos contadores de história e para todos os jornalistas

Existem histórias que estão gravadas no imaginário de todo mundo. Se somarmos os clássicos dos irmãos Grimm ao arsenal de contos de fada já reproduzido pelo Universo Disney, o resultado confidencia a infância de várias e várias gerações. Mas, enquanto Branca de Neve, Rapunzel e Cinderela pertencem ao encantado desconhecido, o mundo real reclama seu próprio encanto. Nele, existem boas narrativas sobre pais, filhos, amigos e colegas de trabalho. E cabe ao jornalismo contar estas histórias.

Brincar de casinha, de veterinário e de professor sempre foram atividades mais comuns durante a minha infância. Na década de 90, a rua ainda era um lugar seguro para correr, curtir e socializar. Mas, assim como as brincadeiras, a tecnologia transformou muitos outros hábitos. Transformou a comunicação e, consequentemente, a informação.

Hoje, não precisamos ligar a TV ou esperar o jornal na porta de casa para nos mantermos informados. O desenvolvimento tecnológico permitiu que a informação chegue a todo momento e esteja em todo lugar. Ninguém está livre dessa avalanche. Ao mesmo tempo, não podemos dizer que suas consequências sejam sempre destrutivas.

A Era da informação criou uma geração conectada que está, cada vez mais, condicionada à produção de conteúdo. Apurar, escrever, apagar, registrar e fotografar são ações jornalísticas que já não se restringem ao ensino superior ou à cadeira na redação de um jornal. Incentivar crianças a reportar narrativas da sua comunidade, do seu bairro, da sua família e do seu entorno é uma maneira de formar grandes contadores de história, ávidos pela descoberta.

As boas e grandes histórias estão por toda parte. Onde a gente menos espera. Os meios de comunicação digital, as novas linguagens e os novos modos de produção transformaram a informação, mas também democratizaram a transmissão do conhecimento. Na semana em que comemoramos o Dia do Jornalista, portanto, que não nos esqueçamos do encantado mundo real, das suas narrativas e de todas as suas descobertas. Todos temos um lado jornalista. Somos todos contadores de história.

Maria Clara Lauar
Assessora de Comunicação
Escola Bilboquê