A Organização Mundial de Saúde (OMS), o Fundo das Nações Unidas para a Infância (UNICEF) e o Ministério da Saúde do Brasil (MS) recomendam que os bebês sejam alimentados exclusivamente com leite materno até os 6 meses de vida. Com o decorrer do seu desenvolvimento, orienta-se que a amamentação seja mantida até a criança atingir, pelo menos, 2 anos de idade, mesmo após a introdução dos primeiros alimentos sólidos. Ainda sim, sabemos que contextos fisiológicos, socioculturais e econômicos podem acelerar o processo de desmame, por isso, o desmame gradual deve envolver mãe, criança e uma rede de apoio.
Durante a construção da comunicação, a mãe pode ilustrar, dialogar e mostrar por meio de gestos que a amamentação já não faz parte da rotina da criança. Mas, para que isso aconteça de forma efetiva, é fundamental a presença de uma rede de apoio.
O papel da rede de apoio no desmame gradual
A rede de apoio pode e deve ser o suporte para a mãe, pois o desmame gradual requer tempo e persistência. Neste processo, o parceiro, cuidador, avós e outros familiares podem ficar com a criança no momento da refeição, auxiliando-a tanto na introdução alimentar quanto na descoberta dos alimentos. Estes indivíduos possibilitam que a criança esteja envolvida com outras pessoas, recebendo afeto e atenção, assim, ela não tem a mãe como única referência de apoio emocional e nutrição alimentar.
A criança já compreende os momentos em que o leite materno é fornecido: ao anoitecer, ao amanhecer, após o banho, etc. Por isso, será necessário construir estratégias para realizar essa dissociação. Encerrado o ciclo da amamentação, é importante destacar que o contato entre mãe e bebê pode ser vivenciado de outras maneiras.
Aleitamento materno e afetividade
No processo de desmame gradual, a mãe não precisa se ausentar sempre que a criança requerer o leite materno. Nestas ocasiões, ela pode utilizar o afeto da rede de apoio para fazer as intervenções no momento do pedido.
Para a construção de outras formas afetividade, o aleitamento materno pode dar lugar a uma brincadeira, um lanche e outros tipos de distração. Tente mudar a pauta da conversa e brincar com algo que desperte a atenção da criança. Você também pode oferecer carinho e colo para suprir a vontade de estar com a mãe durante o aleitamento. Desse modo, o repertório de habilidades socioemocionais da criança é estimulado. Os bebês irão conhecendo novas formas de contato com a mãe, sem que o peito faça parte do ritual.
No desmame noturno, explique de forma lúdica que o peito também irá dormir, mas atenda todos os seus despertares. A criança deve se sentir acolhida e acalentada.
Desmame gradual: acredite no processo
A ruptura do aleitamento materno pode ser de difícil compreensão para a criança. Sendo assim, uma vez que o peito seja negado, continue explicando sobre o processo. Ceder uma vez ou outra pode acabar deixando a criança frustrada e confusa.
Pensando nisso, é importante lembrarmos que não existe um momento certo ou uma receita que funcione para todas as famílias. Cada estrutura familiar possui demandas e necessidades únicas. Algumas estratégias podem ser criadas e outras são aplicadas de acordo com a resposta da criança para essa mudança. Portanto, se a sua família está passando por este processo, busque as informações necessárias e conte com o apoio da escola. O diálogo, a comunicação e a compreensão possibilitam que o desmame aconteça de forma gradual e, principalmente, gentil para a mãe e o bebê.
Giovanna Batista de Queiroz
Psicóloga Escolar
Escola Bilboquê Vila da Serra
Referências bibliográficas
MINISTÉRIO DA SAÚDE. Estratégia nacional para a promoção do aleitamento materno e alimentação complementar saudável no Sistema Único de Saúde. Brasília, 2015.
FIALHO, Flávia Andrade; LOPES, Amanda Martins; DIAS, Iêda Maria Ávila Vargas; SALVADOR, Marli. Fatores associados ao desmame precoce do aleitamento materno. Rev Cuid. 2014.