A Educação Financeira na infância é de extrema importância quando pensamos de forma ampla no conceito de valor do dinheiro para compra e venda. Ou seja, alunos e pessoas mais instruídas neste contexto, certamente, poderão contribuir para a noção da economia no dia a dia. Se, desde cedo, orientarmos as crianças com iniciativas que as motivem a valorizar tudo o que têm e a se conscientizarem sobre o consumo sustentável, propiciaremos melhores condições individuais e coletivas para a evolução da sociedade.
Em países de primeiro mundo, como Europa e Estados Unidos, por exemplo, a abordagem da Educação Financeira na infância já está presente na cultura escolar, há muito tempo, considerando que a falta de gerenciamento das próprias finanças impacta, a curto e a longo prazo, a vida do indivíduo e a de sua família.
Em seu planejamento, a Escola Bilboquê contempla experiências com as crianças e o desenvolvimento de práticas pedagógicas que estimulam o pensamento crítico sobre o uso do dinheiro e as suas consequências. Assim, por meio de vivências lúdicas, as crianças são incentivadas a pensar, em diferentes situações, sobre o funcionamento do processo de consumo em atividades como o cuidado com os pertences próprios e com os coletivos para que gastos com consertos ou reposições sejam evitados; lanches servidos em pequenas porções para que não haja desperdício de alimentos; combinados como apagar a luz ao sair da sala e banheiro e aprender a usar a água sem desperdício, dentre outras.
Os projetos e os temas envolvendo o assunto promovem a conscientização das crianças para a utilização de materiais recicláveis e sustentáveis e são exemplos de boa prática. Nos espaços de convivência escolar, por meio do faz de conta, as crianças brincam de mercadinho, de pet shop e de outras situações em que vivenciam tanto o papel de vendedor como o de comprador/consumidor/cliente.
Após o cultivo de vegetais na horta da escola e o aproveitamento dos alimentos produzidos na cozinha experimental, os alunos descobrem o valor do trabalho. As campanhas internas de tratamento do lixo (separação por categorias, reciclagem) e de uso consciente da água e excursões a supermercados para a compra de ingredientes que serão utilizados nas receitas da cozinha experimental levam as crianças a refletirem sobre o consumo responsável e a preservação do nosso planeta.
Além das experiências descritas acima, sempre surgem novas oportunidades para se trabalhar a Educação Financeira na infância. Em todos os momentos, a intenção pedagógica é estimular a compreensão das crianças sobre a necessidade de planejamento das ações, propiciando o desenvolvimento de habilidades cognitivas, além de contribuirmos para a construção da autonomia e da autorresponsabilidade.
Nesse processo, a família também tem muito a colaborar para a aprendizagem da criança, envolvendo-a em atividades que fazem parte da rotina de casa tais como a elaboração de listas de compras antes de ir ao supermercado, a conservação e o consumo de alimentos, os cuidados com os pertences da família, dentre outras. Para as crianças mais velhas, que já possuem um maior conhecimento e conseguem realizar operações matemáticas, pode-se, por exemplo, estimulá-las a “comprar” seus presentes, vestuário e/ou calçados por meio de uma quantia que a família as leve a administrar.
Em todas as situações de aprendizagem, seja em casa ou na escola, é importante salientar que, quando estamos lidando com a infância, independentemente da fase de desenvolvimento em que as crianças se encontram, os exemplos dos adultos serão sempre grandes aliados para educá-las.
Elisana Andréia Cardoso
Coordenadora Pedagógica
Escola Bilboquê Buritis