A formação continuada do professor de Educação Infantil

A educação precisa de um olhar cuidadoso, principalmente quando se trata de profissionais que optam por atuar com bebês e crianças na Educação Infantil. Muitos ainda pensam que, pelo fato da infância ser um espaço de tempo só do brincar, não há a necessidade de formação específica. Um erro muito comum, pois a formação continuada do professor se tornou um pré-requisito para as instituições comprometidas com uma educação inovadora e transformadora.

Mas este cenário nem sempre foi assim. Na evolução da história, durante a Revolução Industrial, o crescimento das mulheres que se inseriram no mercado de trabalho exigiu a busca por um espaço onde elas pudessem deixar seus filhos sob os cuidados de alguém.

Assim, surgiram as creches e abrigos com o único objetivo de cuidar da higiene e alimentação das crianças. Esse era o papel social dessas instituições, com propostas assistencialistas que favoreciam apenas as classes trabalhadoras, principalmente, as menos favorecidas. Nessa época, portanto, não se pensava na criança como um ser singular, repleto de capacidades intelectuais, motoras e afetivas para serem desenvolvidas.

Em 1996, a LDB (Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional) propôs uma série de reformas e a Educação Infantil, base educacional, passou a ter uma legislação com o slogan “Educação Infantil agora tem lei”, mais especificamente, Lei nº 9.394. Um marco que prenunciava novos tempos e uma nova visão do mundo educacional.

Mas o que a diferencia a criança de hoje da de anos atrás? Alguns contextos mudaram, como:

  1. A sociedade temporal a qual a criança está inserida;
  2. Os valores da família;
  3. As vivências sociais, tecnológicas e os estímulos diversos;
  4. A oferta de instituições de ensino com propostas inovadoras;
  5. Estudos e pesquisas cada vez mais eficientes para a adequação de novas metodologias para essa criança da atualidade.

E qual o papel da escola de Educação Infantil?

Considerando que as crianças do século XXI estão cada vez mais envolvidas com aparelhos eletrônicos, hipermídia, diferentes linguagens de comunicação, brinquedos que falam e diversos estímulos que modificaram a sua maneira de apreender o conhecimento, cabe às escolas, portanto, promover capacitações para incentivar o novo profissional a entender a sua importância no processo educativo.

A formação continuada do professor na Educação Infantil exige uma abordagem multidisciplinar para que o profissional esteja preparado para enfrentar um mundo em constante mudança. Por isso, as escolas devem investir em ações de diferentes áreas do conhecimento. Além dos cursos de Pedagogia, as capacitações podem envolver o setor de Psicologia, Nutrição, Fonoaudiologia e Comunicação, abordando temáticas que irão contribuir para o repertório e crescimento deste profissional.

Para o estagiário, é fundamental promover o seu desenvolvimento em atividades de produção de texto, elaboração de projetos, encontros, leituras, peças de teatro, atividades funcionais do dia a dia (almoço, jantar, banho e sono) e a participação ativa durante as aulas integradas com os professores. Ele também precisa se sentir como parte do processo.

Por fim, lembre-se de que desenvolver ações para a formação continuada do professor é a melhor maneira de acreditar no potencial do seu colaborador. Vamos valorizar nossos profissionais?

Maria Claret Lamounier Elias
Diretora Pedagógica e Fundadora das Escolas Bilboquê