Não raramente pais e mães procuram a escola com uma preocupação: “Meu filho está sentindo muito medo!”. Esses relatos sobre o medo na infância são normalmente marcados pelos pesadelos, medo de escuro, da bruxa, do lobo-mau, medo de ir para a escola ou de ficar longe dos pais.
Primeiramente, é preciso entender que o medo é um sentimento presente na vida de qualquer ser-humano: ele tem um importante papel de servir como proteção natural para a preservação da nossa vida. Se não houvesse o medo, não diferenciaríamos o que é perigoso e oferece riscos. É o medo que nos impede, por exemplo, de subir em locais altos sem proteção ou de nos aproximarmos de um animal feroz.
No entanto, quando este sentimento se apresenta de forma excessiva, paralisando a vida e impedindo a criança de conhecer novos lugares, pessoas ou de apreender novas experiências, é hora de nos preocuparmos. Podemos estar diante de um medo patológico, fobia ou pânico. Nestes casos, é fundamental procurar ajuda profissional, pois a atuação de um psicólogo é fundamental para evitar prejuízos para a saúde e aprendizado da criança.
Dessa forma, quando não há patologia diagnosticada, algumas dicas podem ajudar a lidar com o sentimento de forma tranquila e natural. Confira!
Dicas para lidar com o medo na prática
- Boa parte do medo na infância deriva de uma construção dos adultos de figuras de punição e ameaça, como a “cuca” ou o “homem do saco”. Essas fantasias podem ser levadas por toda a vida, gerando insegurança e dependência emocional, por isso, devem ser evitadas;
- Se a criança apresentar medo de alguma figura específica, ajude-a a diferenciar o real do imaginário, de forma dialógica. Fantasmas, monstros e outras figuras fantasiosas só existem nas histórias;
- Seja transparente e fale sempre a verdade sobre os riscos reais, como escadas, piscinas e janelas, para que a criança tenha a noção do perigo;
- Os brinquedos e fantasias podem ser grandes aliados para que a criança expresse seus medos. Ao vestir-se de super herói ou de princesa, eles se sentem mais confortáveis para falar sobre o que estão sentindo. Ao brincar de faz-de-conta, eles podem projetar seus medos nos personagens ou papeis que assumem;
- Ouvir histórias com personagens que despertam esse sentimento, como o lobo-mau, o monstro ou a bruxa, permite que as crianças experienciem o sentimento do medo de forma leve, naturalizando o sentimento;
- Apresente formalmente todas as pessoas que estão autorizadas a se aproximarem da criança. Ela precisa ter clareza de quem pode ou não se relacionar.
Pensando nisso, é muito importante estar atento às falas e comportamentos das crianças, auxiliando-as a experimentar o medo de forma positiva. A linha que diferencia o medo na infância das fobias é individual. A melhor estratégia de distinguir um medo extremo ou fantasioso de um medo real é a observação do comportamento da criança. Cabe também ressaltar que, à medida que a criança cresce e se desenvolve, os medos tendem a sair de cena, dando lugar a uma compreensão mais clara dos próprios sentimentos.
Carolina Rossi Eto
Coordenadora Pedagógica
Escola Bilboquê Buritis