Perguntaram-me outro dia qual a palavra significativa, marcante, que expressasse o ano da pandemia, Covid, como quiserem chamar. Fiquei paralisada, pois inúmeras palavras representam esse cenário: desafio, trabalho, medo, angustia, desemprego, demissão, aprendizado, lives, aulas on line, ensino remoto, redução, MP, negociação, gerir uma empresa, escola fechada, etc.
Ser empresário no Brasil é um grande desafio. Não desejo nesse texto entrar em questões políticas, mas apesar dos esforços, o país empobreceu, embruteceu, e emburreceu.
Um país mais difícil para se gerir uma empresa
Empobreceu, pois, temos milhões de desempregados, porém, com o auxílio emergencial, muitos não se esforçam para trabalhar. Percebo que uma grande parte, prefere “mamar” na teta do governo. Como isso e possível?
Ademais, na seleção de candidatos para determinado cargo, o setor da empresa faz contato com os candidatos e apenas um apareceu para participar. Estranho né?
Assim, acredito que a maioria desse grupo não tem a menor noção do que estamos vivendo globalmente sobre política, economia e educação.
Embrutecemos
Embrutecemos, cada um no seu ninho, em sua bolha, tentando se esconder com muito “medo” desse vírus. Embrutecer é no sentido real da palavra, tornar-se rude. Afinal, quando voltamos para nós mesmos, muitas vezes nos tornamos egoístas.
O vírus nos distanciou dos avós, dos amigos, dos professores e nos amedrontou. Além disso, nosso casulo ficou repleto de silêncio. Portanto, parece que esse vírus veio para nos fazer repensar, agir, transformar. Mas repensar em quê? No outro, nas diferenças, na família, nas relações, no que é importante, no essencial.
PRECISAMOS:
Agir para fazer acontecer.
Se não há diálogo, converse;
Não há paz, medite;
Se não há tempo, valorize cada momento;
Não há trabalho, reinvente;
Se há solidão, escute música, leia, ligue para um amigo e reze;
Fazer para transformar. Ser grato pela vida!
E, nessa altura vem uma palavra que nos assusta, o país emburreceu. Sabe o que são nove meses de uma escola fechada? Sem alunos, sem alegria, sem contato, sem coletividade, sem conversa, sem aprendizagem, sem professores?
Covid-19 e os desafios para gerir empresas e escolas
O Covid veio para alastrar as diferenças. As escolas particulares estão prontas, com protocolos sanitários desde agosto. Contudo, liminares cassadas, alvarás suspensos, carreatas, campanhas.
E daí? Adiantou?
Atualmente, alunos sem escolas, crianças sem relacionamentos, aprendizado por meio de aulas virtuais, professores em MP. E os empresários? Exauridos, sem fôlego, pois não temos diálogo com a prefeitura e demais representantes da educação.
Dessa forma, professores se reinventando, se tornando verdadeiros artistas, alunos que aprenderam sobre o mundo virtual. Por mais que todo o corpo de professores tenha se empenhado o Brasil emburreceu.
Os órgãos governamentais emburreceram, pois, não apresentaram políticas públicas para salvar as escolas, principalmente as de educação infantil. Emburreceram, na medida que não respondem aos nossos questionamentos.
Emburreceram por não entender a importância da escola para as crianças. Emburrecemos quando somos desrespeitados como cidadãos, estamos gritando que lugar de criança é na escola, mas não estamos sendo ouvidos.
Emburrecemos…
Empobrecemos…
Embrutecemos…
Por fim, não podemos esperar mais! As crianças também precisam ser ouvidas. Conforme estudos científicos, as crianças não são os maiores vetores de transmissão.
Precisamos recomeçar com cuidados e muito respeito, mas como planejar sem saber quando começar?
Texto elaborado por Maria Claret Lamounier Elias – Diretora da Escola Bilboquê