Quando mudar de escola na Educação Infantil: qual o momento certo para tomar essa decisão?

Quando mudar de escola na Educação Infantil: O que considerar antes de tomar essa decisão?

Muitos pais se perguntam quando mudar de escola na Educação Infantil é realmente necessário — ou se é melhor permanecer no mesmo ambiente até o início do Ensino Fundamental. A dúvida é natural, mas as pesquisas em desenvolvimento infantil e pedagogia são unânimes: a continuidade escolar traz benefícios profundos para o crescimento emocional, social e cognitivo das crianças.

Por que repensar a mudança de escola na Educação Infantil?

Durante os primeiros anos de vida escolar, a criança constrói laços de confiança com professores, colegas e outros adultos da instituição. Consequentemente, essa segurança afetiva se torna o alicerce para que ela se sinta curiosa, confiante e aberta às novas aprendizagens.

De acordo com estudos da National Association for the Education of Young Children (NAEYC), a continuidade de vínculos – conhecida como continuity of care – reduz o estresse, melhora a adaptação às rotinas e favorece a autorregulação emocional.

Por isso, antes de decidir sobre quando mudar de escola na Educação Infantil, é importante lembrar que ambientes estáveis fortalecem o desenvolvimento emocional e a autonomia da criança.

O papel dos educadores na continuidade escolar

Outro ponto essencial é o conhecimento profundo que os educadores desenvolvem sobre cada criança ao longo dos anos. Afinal de contas, é essa convivência contínua que permite um acompanhamento mais próximo e planejamentos pedagógicos mais assertivos.

Pesquisas da University of North Carolina e da professora Deborah Vandell (University of California) indicam que a estabilidade escolar e o vínculo com professores de referência geram impactos positivos na linguagem, socialização, curiosidade e autonomia.

Dessa forma: manter a criança na mesma escola pode potencializar o aprendizado e evitar rupturas desnecessárias.

Transições internas com segurança e acolhimento

Quando a escola promove um trabalho pedagógico contínuo, as transições, como, por exemplo, a passagem do Berçário para o Maternal ou do Maternal III para o 1º Período, tornam-se naturais e seguras. Assim, a criança já conhece o espaço, os profissionais e a rotina diária, o que reduz a ansiedade e fortalece a confiança.

Na Escola Bilboquê, as transições são planejadas com cuidado: há momentos de integração entre turmas, troca de informações entre as professoras e envolvimento das famílias. Como resultado, cada nova etapa é vivida com tranquilidade e pertencimento.

O que pode acontecer ao mudar de escola no meio do caminho

Cada escola tem um projeto pedagógico próprio, com escolhas específicas de currículo, metodologia e abordagem socioemocional. Quando há uma mudança de instituição no meio da Educação Infantil, pode ocorrer uma quebra no fluxo de aprendizagem, já que o novo ambiente pode ter práticas muito diferentes.

Sim, isso exige uma nova adaptação — emocional e cognitiva — e, em alguns casos, pode desacelerar conquistas importantes. Logo, manter a continuidade é garantir um percurso educativo mais coerente, fluido e respeitoso com o ritmo de cada criança.

O que dizem as principais abordagens pedagógicas

Pensando nisso, a abordagem sociointeracionista, inspirada em Lev Vygotsky, explica que o aprendizado acontece nas relações e interações sociais. Ou seja, quando a criança permanece em um ambiente conhecido, avança com mais confiança em sua Zona de Desenvolvimento Proximal, ampliando suas descobertas.

Mas não é só a sociointeracionista. Do mesmo modo, outras correntes educacionais também defendem essa continuidade:

  • Reggio Emilia: valoriza o acompanhamento constante e a escuta sensível dos professores.
  • Montessori: destaca a importância de ambientes estáveis e adultos de referência.
  • Pikler-Lóczy: reforça o papel da continuidade de vínculo para o desenvolvimento emocional seguro.

Além disso, a Base Nacional Comum Curricular (BNCC) recomenda que as experiências da Educação Infantil sejam integradas, progressivas e sem rupturas desnecessárias, garantindo uma aprendizagem fluida e significativa.

O melhor momento pode ser continuar

Ao refletir sobre quando mudar de escola na Educação Infantil, muitos pais percebem que, na verdade, a melhor escolha pode ser não mudar. Sendo assim, concluir essa etapa no mesmo ambiente educativo é investir em uma infância mais segura, feliz e coerente, fortalecendo vínculos e garantindo um desenvolvimento integral.

Na Escola Bilboquê, acreditamos que cada etapa da infância merece ser vivida com tempo, cuidado e continuidade. Como resultado, trilhamos um caminho sólido de confiança, afeto e aprendizado.

Karla Barreira
Diretora Pedagógica
Escola Bilboquê Vila da Serra

Bibliografia

• Vygotsky, L. S. (1998). A formação social da mente. São Paulo: Martins Fontes.

• Bruner, J. (1996). A cultura da educação. São Paulo: Martins Fontes. (Tradução do original The Culture of Education)

• National Association for the Education of Young Children (NAEYC). (2012). Prática adequada ao desenvolvimento em programas de educação infantil. Tradução/adaptação.

• Vandell, D. L., Belsky, J., Burchinal, M., Steinberg, L., & Vandergrift, N. (2010). Os efeitos do cuidado infantil precoce até os 15 anos. Tradução/adaptação do artigo Do effects of early child care extend to age 15 years? Child Development, 81(3), 737-756.

• Malaguzzi, L. (1998). As cem linguagens das crianças: princípios e filosofia da abordagem Reggio Emilia. São Paulo: Summus. (Tradução/adaptação do original The Hundred Languages of Children)

• Montessori, M. (1967). A descoberta da criança. São Paulo: Companhia Editora Nacional. (Tradução do original The Discovery of the Child)

• Pikler, E., & Troni, R. (1991). O cuidado respeitoso na primeira infância: a abordagem Pikler-Lóczy. São Paulo: Summus. (Tradução/adaptação do original The Pikler Approach: Nurturing Care for Infants)

• Brasil. Ministério da Educação. (2017). Base Nacional Comum Curricular – BNCC: Educação Infantil. Brasília: MEC.