Há um momento no desenvolvimento da criança em que os pais começam a perceber que seu filho está deixando de ser neném. Ele está mais falante, corre para todos os lados, tem suas preferências e já se expressa com mais clareza. É nesse período que pais e mães se perguntam: “Está na hora de tirar a fralda?”. O marco é significativo na vida da criança. Ele revela a superação de um hábito de bebê e a transição para um outro momento da infância, em que ela já está mais autônoma. Mas, afinal, quando começar o desfralde?
Não há um consenso entre estudiosos sobre o momento exato para começar o desfralde. Essa decisão está relacionada a diversos fatores. Primeiro, o fisiológico, como o controle de esfíncteres. Segundo, o psicológico, como o entendimento e o interesse da criança por iniciar o processo. Por fim, o de linguagem, como a elaboração da fala e outras formas de comunicação infantis.
Embora não haja uma idade pré-definida, a partir dos dois anos a família deve estar atenta aos sinais. No momento em que se toma a decisão, surge a pergunta: quando começar o desfralde e como realizar este processo? Confira algumas dicas para vivenciar esse momento de forma segura e tranquila:
1. Planeje com sua criança
Conte para ela que o processo de desfralde se iniciará. Converse sobre o assunto, envolvendo-a com os preparativos. Saia para comprar as roupas íntimas e permita que ela escolha as cores e as estampas da preferência dela. Incentive-a a contar a novidade para os familiares.
2. Prepare o ambiente
Escolha o redutor ou o peniquinho e apresente-o à criança. Quando começar o desfralde, é recomendável cobrir colchões com capa impermeável e retirar os tapetes do chão e as mantas do sofá. Além disso, evite deixar escadinhas ou steps acessíveis à criança. Sua curiosidade pelo vaso sanitário pode gerar acidentes.
3. Reserve um tempo
Para dar ao seu filho toda a assistência necessária, escolha um final de semana sem compromissos para iniciar o processo de desfralde. Por isso, é importante que a criança permaneça em casa, o ambiente mais confortável e seguro para ela.
4. Incentive e persista
Esteja ciente de que, nos primeiros dias, pode ser que a criança ainda faça suas necessidades fisiológicas na roupa, até adquirir mais controle e consciência. Nesses casos, evite demonstrar desapontamento. Em vez disso, envolva a criança na limpeza do ambiente e diga, de forma incentivadora, que da próxima vez ela conseguirá. Nos momentos em que a criança acertar, celebre a vitória junto com ela! Também é muito importante saber que, uma vez iniciado o processo, é preciso persistir, por mais desafiador que pareça. Desistir no meio do caminho gera frustração e pode tornar a experiência ainda mais difícil.
5. Ensine a solicitar
As crianças podem dar sinais não verbais da sua necessidade. Algumas apertam as perninhas, outras se escondem atrás do sofá ou batem os pés. Fique atenta a esses sinais e, sempre que perceber, pergunte à criança se ela precisa usar o banheiro. Ensine-a a verbalizar a sua vontade repetindo a frase “Quero fazer xixi/cocô”.
6. Aposte no lúdico
Brincadeiras de faz-de-conta, em que o boneco senta no peniquinho, ou o uso de fantoches para parabenizar nos acertos podem ser grandes aliados nesse processo. Há, também, inúmeros livros que, além de apresentarem excelente qualidade literária, abordam o assunto de forma divertida e didática. Veja a seguir duas sugestões:
O que dentro da sua fralda?
Neste livro, o Ratinho sai em busca de descobrir o que tem dentro da fralda dos seus amigos. Com muita curiosidade e um final surpreendente, o livro aborda o tema de forma leve e divertida.
Cadê o meu penico?
Neste livro, Hortênsia precisa fazer “uma tal coisa” urgente, mas não encontra o seu penico. Enquanto isso, a bicharada encontra um objeto misterioso. Quando eles descobrem que aquele pote diferente servia para fazer as necessidades, os animais formam logo uma fila. Ninguém vai mais precisar sujar o traseiro! Mas será que Hortênsia consegue usar o seu penico à tempo?
A parceria da escola
Aos poucos, os pais irão percebendo quando começar o desfralde. É um momento de grande mudança, em que a rotina da criança é modificada. O olhar amoroso, a escuta e o afeto são fundamentais durante o processo. Pais e educadores não devem banalizar as reações da criança. Converse com a escola e trace estratégias com a professora. Trabalhando em parceria, garantimos uma transição segura e muito mais eficaz.
Carolina Rossi Eto
Coordenadora Pedagógica
Escola Bilboquê Buritis